Indicado ao Grammy Latino, Zé Manoel destaca influência do Vale do São Francisco na construção do álbum ‘Meu Coração Nu’

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Músico também fala sobre as expectativas para a premiação que ocorre no dia 18 de novembro, às 22h, em Las Vegas, nos Estados Unidos.

Zé Manoel com o disco  'Do Meu Coração Nu', indicado ao  Grammy Latino  — Foto: Diana Silva / g1 Petrolina
Zé Manoel com o disco ‘Do Meu Coração Nu’, indicado ao Grammy Latino — Foto: Diana Silva / g1 Petrolina

Nascido em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, o cantor, compositor e instrumentista Zé Manoel vê em sua indicação ao Grammy Latino 2021 algo que contempla uma multidão de pessoas, envolvidas na construção do disco. O pernambucano concorre na categoria melhor álbum de Música Popular Brasileira, com ‘ Do Meu Coração Nu’.

O artista descreve a importância do trabalho, que trata de um tema forte como as questões sociais, além de ressaltar as raízes pertencentes a região onde nasceu, o Vale do São Francisco.

“Esse disco é muito feito por pessoas de todo o Brasil e pessoas de fora do país que também participaram. Mas, o trabalho foi feito muito pelo meu encontro com Luizão Pereira, que é um músico de Juazeiro, e Albérico Júnior, que é daqui de Petrolina. Então, é um disco que representa muito a região de onde eu sou, do Vale do São Francisco”, explica.

Zé Manoel — Foto: Kevin Andrade / Máquina 3 / Divulgação
Zé Manoel — Foto: Kevin Andrade / Máquina 3 / Divulgação

Segunda faixa do álbum, a música ‘No Rio das Lembranças’ (ouça no vídeo abaixo) traz uma marca forte dos trabalhos de Zé Manoel. “Tem uma música do disco que é para Oxum. Todo disco meu sempre tem uma música falando sobre o rio São Francisco, sobre água doce, por conta dessa minha relação com o rio”, diz.

‘Ora Yê Yê Oxum

Eu sou pescador e não sei remar.

Ora Yê Yê Oxum

Se eu me perder, vem me buscar’

Mesmo não morando mais em Petrolina, Zé Manoel sempre visita a cidade natal para rever os parentes e amigos. Esse ciclo reflete nas parcerias geradas para a produção do disco, vivenciadas através dos parceiros Luizão e Albérico. O músico explica que o encontro com os amigos foi essencial para a construção de ‘Meu Coração Nu’.

“Esse encontro meu com Luizão e Albérico, onde nós somos a base do disco, digamos assim, acho que foi a parte principal, porque é um disco que é gerado dentro de nossas referências”.

Abordando questões raciais, o músico mescla sentimentos e vivências compartilhadas por ele e por outras pessoas, trazendo para o cotidiano canções sensíveis e letras marcantes.

“Ao mesmo tempo que estou abrindo meu coração, eu também estou falando de questões que afetam outras pessoas. Esse é um disco que fala sobre questões de violência, mas também fala sobre afeto, tudo com a visão racial, trazendo esse contexto para o meu trabalho”.

Inspirado pela letra da canção ‘Notre Histoire’ (Nossa História), que faz parte do álbum, Zé Manoel teve a ideia de nomear o trabalho de ‘Do Meu Coração Nu’. A letra que inspirou o álbum também faz parte da produção, sendo uma das primeiras a ser gravada para o disco. Já o significado, segundo ele, contextualiza todo o disco que parte da necessidade de falar sobre questões atuais e assuntos que rodeiam não só ele, mas a população como um todo. (Ouça no vídeo abaixo).

“Esse nome ‘Do Meu Coração Nu’, é parte da letra de uma das músicas que está no álbum, que se chama ‘Nossa história’. Ela fala exatamente sobre a história de antepassados que saíram da África e a música pergunta quem são eles. Eu gostaria de saber quem são”.

Nesse misto de afeto e drama com vivências reais, Zé Manoel se prepara para a maior viagem de sua carreira, comparecer à cerimônia do Grammy Latino no dia 18 de novembro, em Las Vegas, nos Estados Unidos.

“Fiquei muito animado. É a minha primeira indicação ao Grammy, então estou bem feliz. Esse é um disco que representa muito a região de onde eu sou, do Vale do São Francisco. Então, eu acho que é acontecimento que contempla a todos nós”, afirma.

Mesmo na corrida para acompanhar o evento, o músico também fala sobre seus projetos para o futuro, que envolvem novos discos e a mesma pegada de sucesso que o levou a indicação da maior premiação da América Latina.

“Eu to compondo para um novo disco. Tem um disco infantil que eu quero lançar também, mas que acabamos deixando para o próximo ano e continuo um pouco com essa mesma temática, abordando muitas questões raciais e sociais”.

Fonte: G1 Globo