Banda se tornou a primeira grande do metal a realizar tal feito; acessibilidade para fãs surdos tem sido cada vez mais notada em shows e festivaisporIgor Miranda25 de abril de 20233 minutos de leitura
O Metallica se tornou a primeira grande banda de metal a lançar todos os clipes de um novo álbum — “72 Seasons”, seu trabalho recente — em língua americana de sinais (ASL na sigla original), o equivalente à nossa Libras (Língua Brasileira de Sinais) nos Estados Unidos.
As produções foram disponibilizadas nos últimos dias. A faixa final, “Inamorata”, estava agendada para chegar nesta quinta-feira (25), uma data especial nos Estados Unidos: o dia nacional da ASL.
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A iniciativa é uma parceria da banda com duas entidades referenciais na área. São elas: a Amber G Productions, especializada em interpretação na língua americana de sinais, e a DPAN (Deaf Profession Arts Network), organização sem fins lucrativos que produz videoclipes junto a artistas surdos e com deficiência auditiva.
Nas produções, que podem ser assistidas abaixo, é interessante notar como a intérprete não só traduz a letra da canção, mas também passa toda a experiência musical através de movimentos e expressões, incluindo ritmos, riffs e solos. Confira.
Música para surdos
Interpretação para surdos e tradução em linguagens de sinais têm se tornado cada vez mais comuns em grandes shows e festivais de música pelo mundo. O objetivo é aumentar o acesso de pessoas com deficiência auditiva à experiência de um concerto, que definitivamente não tem só o som como atração.
Um ótimo exemplo aconteceu em 2018, quando o Lamb of God tocou na cidade de Austin, no estado americano do Texas. Na ocasião, a intérprete de ASL Lindsay Rothschild-Cross “roubou a cena” ao traduzir músicas da banda. O esforço foi reconhecido pelo vocalista Randy Blythe em entrevista da época à CNN, transcrita pelo Blabbermouth.
“Sempre fico extremamente feliz quando vejo intérpretes de língua de sinais em nossos shows e o show de Austin não foi exceção. Um show do Lamb of God é uma experiência altamente visceral tanto para quem está performando como para nossos fãs – todos nós sentimos a música juntos, de forma emocional e física, criando uma troca simbiótica de energia que pode ter e tem efeitos profundos. Fãs surdos não são diferentes e há muito tempo eu sei que pessoas com deficiência auditiva podem sentir as vibrações das ondas sonoras amplificadas de um sistema de P.A. bem alto.
Naquele dia, havia vários intérpretes se revezando em turnos – todos eles estavam trabalhando duro e fazendo um ótimo trabalho, mas a interpretação de Lindsay de nossa performance se destacou tanto para mim que eu pulei do palco e cantei do lado dela um pouco. Lindsay e os outros intérpretes se tornaram parte dessa troca massiva de energia que acontece em nossos shows, tão importantes quanto qualquer um de nós no palco.”
Lindsay Rothschild-Cross também falou sobre seu trabalho em entrevista ao programa de TV “Good Morning America”. A intérprete revelou ser fã de bandas como Guns N’ Roses e Alice in Chains, mas admitiu que nunca havia interpretado uma banda de heavy metal até então.
“A princípio, eu estava muito nervosa, mas o segredo é incorporar o vocalista. A música contém muita raiva. Simplesmente agi como se alguém tivesse me machucado. […] Eu só quero que as pessoas (surdas) entendam que eles podem pensar, ter sua religião, fazer qualquer coisa que nós fazemos. Exceto ouvir.”
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