Segundo pesquisadores, a taxa de abandono do hábito de fumar foi de 45%
Um ensaio clínico desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Yale e do MUSC Hollings Cancer Center, nos Estados Unidos, mostraram que a vareniclina, medicamento prescrito para pessoas que sofrem com o tabagismo, também é eficaz para cessar o vício em cigarros eletrônicos ou vapes.
De acordo com um dos cientistas envolvidos no experimento, Benjamin Toll, diretor do Programa de Tratamento do Tabaco da MUSC Health, os participantes foram colocados em condições próximas do mundo real. O objetivo foi compreender até que ponto a famacoterapia poderia funcionar sozinha.
Para conseguir emular este contexto, os pesquisadores desenvolveram um livreto de autoajuda sobre parar de fumar, com ferramentas práticas e dicas. Um prestador de cuidados de saúde licenciado também se reuniu com cada um dos participantes para informá-los sobre como utilizar a medicamento, oferecer conselhos breves e instruí-los a definir uma data de abandono para uma a duas semanas após o início da medicação.
A partir disso, houve uma grande disparidade entre o grupo que recebeu o fármaco e o que não recebeu.
“Tivemos uma diferença de 15% nas taxas de abandono, com aqueles no grupo de medicação tendo uma taxa de abandono de 45%”, Lisa Fucito, autora principal e diretora do Serviço de Tratamento de Tabaco do Yale Cancer Center e do Hospital do Câncer Smilow.
Nenhuma das pessoas que seguiram com a medicação apresentou efeitos colaterais graves, embora fosse necessário um estudo maior para verificar esse achado. A maioria dos efeitos colaterais foram náuseas, insônia ou sonhos vívidos. O maior saldo positivo, em contrapartida, foi o não aparecimento do efeito “bumerangue” de voltar a fumar.
“Se você tem um histórico de tabagismo, uma das preocupações na área é que você voltará a fumar quando parar de fumar. E não encontramos isso”, afirmou Troll, em comunicado.
Outro medicamento também obteve sucesso
Anteriormente, um ensaio sobre a utilização da citisiniclina, que funciona de forma semelhante à vareniclina, mostrou que ela obteve êxito no tratamento do vício em cigarros eletrônicos. Contudo, a vareniclina é um produto presente no mercado, diferente da citisiniclina.
Nos Estados Unidos, a substância ainda não foi aprovada pelo seu órgão regulatório, a Food and Drug Administration (FDA). Mas, caso seja, será a primeira nova terapia sem nicotina introduzida no país em quase 20 anos.
No Brasil, regulação proíbe cigarros eletrônicos
No último dia 19, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) manteve a proibição dos cigarros eletrônicos no Brasil após uma votação realizada pela sua Diretoria Colegiada (Dicol). Os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) que englobam os produtos conhecidos como vapes, pods, entre outros, tiveram a importação, a comercialização e a propaganda proibidas no país ainda em 2009 pela agência.
No mês passado, além das normas restritivas, foi aprovada uma minuta que amplia as proibições, incluindo a produção, armazenamento e transporte em território nacional. Não é permitido também a utilização destes aparelhos em qualquer local com ambiente fechado.
(Folha de Pernambuco)