Bastante emocionada, jornalista definiu mortes de jovens negros no estado como “necropolítica de segurança pública”
A repórter Flávia Oliveira não conseguiu conter as lágrimas ao comentar no Estúdio I, da Globo News, a morte de Kathlen Romeu, de 24 anos, jovem grávida atingida por um tiro de fuzil durante uma ação policial na comunidade do Lins, Zona Norte do Rio de Janeiro, na última terça-feira (8/6).
A jornalista começou sua participação pedindo desculpas pela emoção. “Muito difícil, peço desculpas a você [Maria Beltrão] e aos meus colegas, mas é muito difícil ouvir o que a gente está ouvindo, assistir o que a gente tem assistido no Rio de Janeiro, esse lugar que é o cenário, o ambiente de uma ‘necropolítica de segurança pública.’ Diariamente a gente chora mortes de crianças, jovens, policiais e agora também de mulheres e bebês”, desabafou.
Flávia citou dados do Instituto Fogo Cruzado, que acompanha ocorrências violentas no Rio de Janeiro, para justificar sua indignação. Segundo a plataforma, a morte de Kathlen não é um caso isolado. Nos últimos cinco anos, 15 mulheres grávidas foram baleadas na região metropolitana da cidade. Dessas, oito morreram.
“É impossível não se emocionar com essa história, a Kathlen era o projeto de vida de uma família, de uma avó, de um pai, de uma mãe. Tinha a mesma idade da minha filha, ela faria 25 anos, minha filha já completou. Eu sei o que é ser uma mãe negra, botar uma filha negra no mundo e lutar pela educação delas”, continuou.
Eu sou filha também de uma mulher negra. É muito difícil lidar com uma situação tão dramática, tão desnecessária, uma violência gratuita que não tem produzido melhora na sensação de segurança, não tem produzido ressocialização de criminosos, redução do crime organizado. Ela só tem produzido luto em famílias negras de favelas, principalmente, mas também em famílias negras de policiais”, completou Flávia.
De acordo com informações da Polícia Civil, com base na perícia do IML, Kathlen foi atingida por um tiro de fuzil. A Polícia Militar diz ter reagido a uma ação criminosa, mas moradores contestam a versão.
Fonte: Metrópoles