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Paulinho, que fez comemoração em homenagem a Vini Jr., é principal vítima de racismo religioso nas redes

Candomblecista, jogador do Atlético-MG é quem recebe mais ataques racistas contra sua fé nas redes sociais, segundo relatório feito pelo Aláfia Lab

Paulinho, do Atlético-MG, comemora gol com punho levantado em apoio a Vinícius Jr.

Paulinho, do Atlético-MG, comemora gol com punho levantado em apoio a Vinícius Jr. Reprodução

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Decisivo, Paulinho marcou os dois gols pelo Atlético-MG na vitória de virada por 2 a 1 sobre o Athletico-PR, no Mineirão, nesta terça-feira, pela Libertadores. Na segunda comemoração, o craque fez uma homenagem a Vinicius Júnior, que foi vítima de racismo, mais uma vez, na Espanha. Os dois jogadores, apesar de estarem em países diferentes, são algumas das principais vítimas de atos racistas nas redes.

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Segundo o relatório “Racismo não anda só”, realizado pelo Aláfia Lab, Vinícius Jr. e Paulinho são destaques, mais uma vez, por conta do racismo. O projeto analisa manifestações racistas nas redes sociais e destaca que o crime, na internet, pode ser mensurado em cinco dimensões: aparência, religiosidade, territorialidade, formas de expressão e gênero. Vini foi o nome com mais ofensas na dimensão Aparência, já Paulinho, por Religião.

No Galo, o atacante comemorou o segundo gol da partida com punho cerrado e braço erguido, declarando apoio ao craque do Real Madrid, que sofreu insultos no jogo contra o Valencia, no último domingo, pelo Campeonato Espanhol. Filho de Oxóssi, o orixá caçador, Paulinho é seguidor do Candomblé e celebra sua religião no campo e nas redes sociais. Em sua clássica comemoração, ele homenageia o orixá com sua arma sagrada, o arco e flecha.

Paulinho, na seleção, fazendo sua clássica comemoração em homenagem ao orixá Oxóssi — Foto: Reprodução

Paulinho, na seleção, fazendo sua clássica comemoração em homenagem ao orixá Oxóssi — Foto: Reprodução

Na internet, o camisa 10 do Galo, que faz questão de manifestar sua fé e enaltecer as religiões de matriz africana, sofre ataques por não esconder sua crença. Nos comentários das publicações do jogador, o termo “macumbeiro” é usado no intuito de ofender o jogador. Além disso, Paulinho é constantemente repreendido e demonizado pela sua fé.

No Brasil, o racismo religioso consiste na prática violenta e discriminatória direcionada aos adeptos de determinada religião e é crime conforme a Constituição Federal. Ainda segundo o relatório feito pelo Aláfia Lab, a Pesquisa da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras mostra que quase metade dos terreiros de todo o país registrou até cinco ataques nos últimos dois anos. De acordo com o Disque denúncia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), atos de intolerência religiosa aumentaram 45% entre 2020 e 2022.

O racismo contra Vini Jr. na internet

Vinícius Jr. também apareceu como uma das principais vítimas do racismo na internet. Segundo o relatório, das 50 publicações com mais compartilhamentos no Twitter que mencionam Vini, 52% fazem referência a algum fato envolvendo racismo.

Presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, se reúne com Vinicius Jr após ataques racistas.

Vinicius Jr. se reúne com o presidente do Real Madrid após mais uma sequência de ataques racistas. — Foto: Antonio Villalba/Real Madrid

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Presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, se reúne com Vinicius Jr após ataques racistas.

De acordo com o estudo, o jogador também é o principal alvo de outro tipo de manifestação do crime, o racismo pela forma de expressão. As dancinhas de Vini, que são marca registrada das suas comemorações bem-humoradas, também são foco de comentários negativos, constantemente acompanhados de termos racistas.

Os ataques ao jogador não são episódios isolados, seja dentro ou fora de campo. Independentemente da temática das publicações de Vinícius, os comentários racistas tendem a se repetir. Nas redes, os posts que mais recebem engajamento, relacionados ao atleta, são aqueles que tratam do racismo.

(O globo)