Bruna Valeanu tinha apenas a mãe e a irmã entre familiares vivendo no país do Oriente Médio; elas pediram para desconhecidos comparecerem à cerimônia fúnebre e centenas de pessoas foram ao cemitério
Uma multidão compareceu ao funeral de Bruna Valeanu, morta durante ataque do Hamas a uma rave realizada em Israel no último sábado, quando o grupo terrorista iniciou uma ofensiva. A fila de mais de dois quilômetros foi formada após a família da brasileira ter pedido para cidadãos comparecerem à cerimônia fúnebre. Conforme a tradição judaica, os culto públicos tradicionais requerem a presença de um quórum mínimo de dez homens com mais de 13 anos, o chamado minyan. No entanto, a jovem assassinada tinha apenas a mãe e a irmã entre familiares vivendo no país do Oriente Médio.
“Caros voluntários, infelizmente Bruna Valeanu foi assassinada no festival de música em Reim. Sua família é do Brasil, apenas sua mãe e irmã moram em Israel. Elas precisam de ajuda para completar o minyan às 21h30 no Cemitério Yarkon. Quem puder vir, por favor, venha!”, diz o pedido de ajuda.
Centenas de israelenses foram então ao cemitério para dar a Bruna uma cerimônia fúnebre de acordo com as tradições judaicas.
— Vieram muitas pessoas, foi um choque — afirmou Daniela Haddad, de 28 anos, ao GLOBO. — A gente botou nas redes para amigos e família virem, os que conhecem a Bruna, e no final vieram milhares de pessoas quase não dava pra entrar — acrescentou.
“(Estou) a caminho do funeral de uma jovem brasileira assassinada no festival de música. Foi enviada uma mensagem pedindo que estranhos comparecessem, pois ela quase não tem família aqui. Há uma fila de 2 km saindo da entrada do cemitério e duvido que consigamos chegar”, afirmou Eylon Levy, ex-conselheiro internacional da Presidência de Israel, em sua conta no X, antigo Twitter.
Por conta da fila, Levy conta que decidiu parar o carro e seguir a pé pelo acostamento. “O funeral estava marcado para há 20 minutos. Achávamos que estávamos adiantados”, escreveu. “Os israelenses são incríveis em responder a chamados para comparecer a funerais. Uma solidariedade social tão forte aqui nessas circunstâncias sombrias”, acrescentou.
Michal Feldman, professora de Ciências da Computação da Universidade de Tel Aviv, também compartilhou a demonstração de solidariedade com a morte da brasileira.
“Esta é Bruna, uma jovem brasileira que foi cruelmente assassinada no festival de música pelo Hamas. Aqui em Israel apenas com a mãe e a irmã. São engarrafamentos de quilômetros de extensão até o cemitério em resposta a um pedido para comparecer ao funeral”, escreveu Michal.
Multidão faz fila quilométrica para participar de funeral de brasileira morta pelo Hamas
Os familiares de Bruna confirmaram a morte nesta terça-feira. A jovem de 24 anos também estava desaparecida após o festival de música eletrônica interrompido por ataque de terroristas do Hamas, em Israel. Natural do Rio de Janeiro, Bruna fez sua última comunicação com a família no sábado, por volta das 9h.
Bruna tinha dupla nacionalidade, era brasileira-israelense, e fez aniversário há duas semanas, em 26 de setembro. No último contato com família, contou ter testemunhado disparos e mortes.
(O Globo)