Tribunal tentou localizar Sandra Pfäffli devido à reabertura do caso; herdeiro não quis participar do processo
Além de levar à anulação da condenação do técnico Cuca por relação sexual com uma menor de idade e coação, a reabertura do processo na Justiça Suíça elucidou uma pergunta que pairava sobre o caso: o que teria ocorrido com a vítima? Sandra Pfäffli, que no escândalo de 1987 tinha 13 anos, já não é mais viva.
A descoberta foi feita pelo próprio Tribunal Regional de Berna-Mittlelland, que tentou localizar Pfäffli diante da reabertura do caso, no ano passado. O gabinete da juíza Bettina Bochsler informou que ela já havia morrido. Mas descobriu um herdeiro, Sven Sghluep, que optou por não entrar no processo.
A morte teria ocorrido cerca de 15 anos depois do episódio de abuso sexual envolvendo Cuca e outros três jogadores do Grêmio num hotel em Berna, onde o time participava de uma excursão. Ou seja: ela tinha em torno de 28 anos.
No ano passado, o advogado de defesa da jovem na época Willi Egloff afirmou, em entrevista ao site Uol, que ela havia tentado suicídio. É importante deixar claro, porém, que não há informação pública sobre a causa da morte de Pfäffli.
O que é o caso Cuca?
Ao saberem que a delegação gremista estava no hotel, Pfäiffli e mais dois amigos bateram na porta do quarto em que estavam os quatro jogadores e pediram por camisas. Em depoimentos na época, os dois garotos alegaram que os gremistas seguraram a jovem no local. Cerca de 30 minutos depois, ela apareceu na recepção alegando ter sido abusada sexualmente.Webstories
Cuca, Henrique Etges e Eduardo Hamester e Fernando Castoldi foram detidos e passaram cerca de um mês na prisão. Saíram mediante pagamento de fiança e retornaram ao Brasil, onde foram recebidos pela torcida e até parte da imprensa como vítimas.
Em 1989, Cuca, Etges e Hamester foram condenados a 15 meses de prisão e multa. Já Castoldi foi considerado cúmplice e recebeu pena mais branda, de três meses e multa. Nenhum deles cumpriu, pois não estavam na Suíça durante o julgamento e nunca mais retornaram ao país.
Por que o processo de Cuca foi anulado?
A Justiça da Suíça anulou o processo que condenou o técnico Alexi Stival, o Cuca, por sexo com uma menor de idade e coação, em 1987, no hotel em que o time do Grêmio se concentrou durante excursão no país. A decisão foi da juíza Bettina Bochsler, do Tribunal Regional de Berna-Mittlelland, após pedido da defesa do treinador por reabertura do caso.
Inicialmente, a defesa contratada por Cuca para rever o caso entrou com um pedido de abertura de novo processo, alegando que ele fora julgado à revelia, sem representação legal. Os autos do despacho da juíza mostram problemas na comunicação entre o advogado de defesa (Peter Stauffer, contratado pelo Grêmio) e o então jogador do clube gaúcho. O defensor se retirou do caso um ano antes do julgamento, em 1989.
A defesa de Cuca reuniu novos elementos e tinha como objetivo provar a inocência do hoje treinador num eventual novo julgamento. O pedido chegou a ser aceito pela Justiça do país. Mas, instado a se manifestar, o Ministério Público local alegou a prescrição do crime e sugeriu a extinção do processo e consequente anulação da pena, o que foi acatado pela juíza no último dia 28.
Importante frisar que o mérito do caso, julgado em 1989, não foi revisto pela Justiça local. Não se trata de uma mudança no veredito inicial, mas, sim, de uma extinção daquele processo. Cuca receberá ainda uma indenização de 9,5 mil francos suíços (R$ 54,8 mil). A decisão foi publicada nesta quarta-feira.
(O Globo)