Colômbia perdeu mais da metade de suas geleiras, diz ONG

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O Instituto de Hidrologia, Meteorologia e Estudos Ambientais também registrou a destruição de oito glaciares no país

Por Agência Brasil

Dos 14 glaciares originários da Colômbia restam apenas seis devido à crise climática, informou, nesta quarta-feira (22), Marcela Fernández, fundadora da ONG Cumbres Blancas (Cumes brancos) e reconhecida pela BBC como uma das 100 mulheres mais influentes do mundo.

“Neste momento, restam na Colômbia seis glaciares tropicais divididos em quatro vulcões e duas serras nevadas”, lamentou um ativista em conservação em declarações à Blu Radio.

Fernández é uma das 12 latino-americanas e a única colombiana eleita na terça-feira pela BBC como uma das mulheres mais influentes do mundo por sua luta “criativa” em defesa dos glaciares.

O Instituto de Hidrologia, Meteorologia e Estudos Ambientais também registrou a destruição de oito glaciares no país e garantiu que 70% de sua superfície foi perdida desde a década de 1950, como consequência do aquecimento global.

E embora o derretimento dessas formações de gelo seja um problema global, Fernández explica que no caso dos glaciares tropicais, mais próximo da linha equatorial, “o aquecimento global é muito mais agressivo”, pois “são muitíssimo mais sensíveis”0-40/html/container.html

Segundo o observatório europeu Copernicus, 2023 será provavelmente o ano mais quente da História, devido ao uso maciço de combustíveis fósseis, uma ameaça para estes mantos de gelo que abrigam 75% da água doce do planeta.

O nível dos glaciares eleva o nível do mar e afeta a disponibilidade de água doce para uso doméstico, rega de plantas e sobrevivência de animais.

Aos glaciares colombianos “podem recomeçar 25 anos de vida, mas em 16 de setembro ocorreu algo alarmante e é que a massa glaciar Conejera del Santa Isabel (noroeste), desapareceu cinco anos antes do que se pensou”, anunciou Fernández.

Solução: os páramos
Há cinco anos, Fernández fundou a ONG Cumbres Blancas, com a “utopia” de salvar as geleiras restaurando os páramos, campos situados no alto dos Andes. Nestes frágeis ecossistemas de alta montanha, localizados abaixo dos glaciares e acima dos bosques andinos, nascem 70% das águas consumidas pelos 50 milhões de colombianos.

“O alimento do glaciar é a neve. E temos nos questionado o que podemos fazer para que possa ‘nevar’ mais na Colômbia ou para que a temperatura não fique tão quente”, explicou Fernández.

Ela encontrou a resposta no plantio, nos páramos, de espeletias, pequenas plantas de troncos grossos, que retêm naturalmente a água das nuvens e da neblina, contribuindo para aquecer as temperaturas baixas e regulando a vazão de rios e riachos, segundo estudos da Universidade Nacional da Colômbia.

“Se eles são um ecossistema, devemos trabalhar de forma sistemática para protegê-los, conservá-los e dar-lhes valor porque nosso outro verdadeiro está nos páramos”, disse Fernández.

Para o especialista, os glaciares são um “doente terminal” e devem fazer todo o possível para “prolongar sua vida” diante do “dano irreversível” já causado.

O painel de especialistas sobre o clima da ONU (IPCC) informou, em seu relatório de 2022 que “o aquecimento global acelerado está recuperando os glaciares tropicais a uma velocidade nunca vista desde a metade da Pequena Idade do Gelo” (século 17), ” impactando diretamente” o fornecido de água na região andina.

(Folha de Pernambuco)