Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenômeno, Rivaldo e Dida estão entre os que já foram comandados por ele em clubes europeus; hoje, ele trabalha com Vini JR, Rodrygo e Militão
Carlo Ancelotti posa ao lado de Vini Junior, Militão, o austríaco Alaba e Rodrygo Reprodução/Instagram
Um ataque formado por Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e Ronaldo. No meio, Emerson, Casemiro e Kaká. Atrás, Thiago Silva e Roque Junior, com Cafú e Marcelo pelos lados. Para completar este time, Dida no gol. Gostou? Pois esta verdadeira seleção é apenas uma das escalações possíveis com brasileiros treinados por Carlo Ancelotti. Se há algo que o italiano, cotado para substituir Tite, tem é experiência com jogadores do país. Em 27 anos de carreira, já trabalhou com 41.
De goleiro a centroavante. De desconhecidos a astros. O leque de brasileiros que já tiveram Ancelotti como técnico é muito diversificado. Conta, inclusive, com dois que se naturalizaram portugueses: Deco e Pepe.
Os primeiros a serem comandados por ele foram o volante Amaral, o atacante Adaílton e o lateral Zé Maria. Trabalharam juntos no Parma, entre 1996 e 1998, o segundo trabalho do treinador (antes havia treinado o Reggiana, também da Itália).
Copa do Mundo: relembre os times que foram ‘sensações’ em diversas edições
10 fotos
Da Hungria de 1954 à Croácia de 2018, Copa já teve equipes que marcaram época e ‘emergentes’ que deram trabalho
Atualmente, ele trabalha com três: o zagueiro Éder Militão e a dupla Rodrygo e Vinicius Junior. Trio que, por sinal, defendeu a seleção na Copa do Catar. Em entrevista coletiva concedida durante o Mundial, o atacante ex-Flamengo encheu seu treinador de elogios e o comparou justamente com Tite.
– Acredito que a semelhança é mais no lado humano, de ter consciência do que é o melhor para o jogador, para nós do elenco. E entregar tudo muito fácil para a gente para o jogo, para ter várias opções em campo, não só o improviso. Isso é importante – afirmou Vini Junior em entrevista coletiva na Copa do Catar.
Os depoimentos dos brasileiros e as histórias vividas por eles com o italiano ajudam a entender melhor sua forma de trabalho. Como o relato de Vinicius Junior indica, o trato pessoal e a gestão de ambiente é um de seus fortes.
– Um dia, o (meia croata) Mario Stanic não se apresentou para treinar. Ninguém entendeu. Ancelotti reuniu o grupo e disse: “Stanic está liberado porque tem que resolver problemas familiares”. Depois, conversando com o Stanic, vimos que não foi ele que pediu a liberação, mas o Ancelotti, que descobriu que ele estava passando por problemas. O Ancelotti disse a ele: “Vai para a Croácia, fica uns dias e volta quando tiver 100% resolvido. Você é importante para nós”. Isso foi incrível – lembrou Adaílton em entrevista ao site Uol.
A quem se refira a ele como paizão. O termo não é bem visto hoje em dia no futebol, pois transmite a ideia de alguém que releva os erros dos seus comandados. Definitivamente não é o caso de Ancelotti. Que o diga Ronaldo Fenômeno. O treinador, com quem ele trabalhou no Milan, entre 2007 e 2009, foi incisivo quando percebeu que o atacante estava fora de forma.
– Ao chegar no Milan, Ronaldo pesava 100 kg. Antes do primeiro jogo, eu disse a ele: “Você não pode jogar assim. Precisa perder peso”. Ele respondeu: “O que você quer que eu faça em campo? Que marque ou corra? Se for para correr, me deixe no banco. Se for para marcar, pode me escalar”. Eu escalei. Ele não correu, mas fez dois gols – relatou o próprio Ancelotti à revista France Football.
Carlo Ancelotti ao lado de Kaká no Milan — Foto: Philippe Merle/AFP
Nenê, hoje no Vasco, foi outro que ouviu palavras duras do treinador. Em 2012, quando estava no Paris Saint-Germain, o italiano não gostou da reação do brasileiro ao ficar uma partida inteira no banco de reservas. O deixou fora do jogo seguinte.
– Quando um jogador não tem uma boa atitude, eu não posso utilizá-lo – explicou na época. – Um jogador que quase nunca é relacionado pode ficar irritado, mas um profissional deve pensar em seus companheiros e ter uma atitude para ajudar a equipe. Ficar irritado comigo não há problema, mas ele não tem o direito de se enervar com todo o mundo. Se ele mudar de atitude posso voltar a chamá-lo.
Por outro lado, foi sob o comando de Ancelotti que Nenê viveu sua melhor temporada na carreira. Em 2011/12, ele marcou 27 gols e deu 10 assistências no PSG.
Nenê não foi o único brasileiro que teve seu talento potencializado ao trabalhar com o técnico italiano. Que o diga Kaká, campeão da Liga dos Campeões e eleito o melhor do mundo pela Fifa em 2007, com a camisa do Milan. Pelo mesmo clube e com o mesmo treinador, Dida também viveu seu auge, tendo sido escolhido o terceiro (2004) e o segundo (2005) melhor goleiro do mundo pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS).
Confira, abaixo, a lista de brasileiros que já trabalharam com Ancelotti:
- Amaral (Parma)
- Adaílton (Parma)
- Zé Maria (Parma)
- Athirson (Juventus)
- Roque Junior (Milan)
- Serginho (Milan)
- Dida (Milan)
- Claiton (Milan)
- Leonardo (Milan)
- Cafu (Milan)
- Rivaldo (Milan)
- Kaká (Milan e Real Madrid)
- Amoroso (Milan)
- Ricardo Oliveira (Milan)
- Ronaldo (Milan)
- Emerson (Milan)
- Alexandre Pato (Milan)
- Ronaldinho Gaúcho (Milan)
- Alex (Chelsea e PSG)
- Belletti (Chelsea)
- Deco (Chelsea)
- David Luiz (Chelsea)
- Ramires (Chelsea)
- Maxwell (PSG)
- Ceará (PSG)
- Nenê (PSG)
- Thiago Silva (PSG)
- Lucas Moura (PSG)
- Marcelo (Real Madrid)
- Casemiro (Real Madrid)
- Willian José (Real Madrid)
- Pepe (Real Madrid)
- Lucas Silva (Real Madrid)
- Rafinha (Bayern de Munique)
- Douglas Costa (Bayern de Munique)
- Allan (Napoli e Everton)
- Richarlison (Everton)
- Bernard (Everton)
- Éder Militão (Real Madrid)
- Rodrygo (Real Madrid)
- Vinicius Junior (Real Madrid)
(Fonte: O Globo)