O mês passado foi o junho mais quente do planeta desde que o registro da temperatura global começou a ser feito em 1850, informou a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica em sua atualização climática mensal na quinta-feira (20). A agência também prevê que temperaturas excepcionalmente altas ocorrerão na maior parte dos Estados Unidos, em quase todos os lugares, em agosto.
As duas primeiras semanas de julho também foram provavelmente as mais quentes da Terra já registradas pelo homem, em comparação com qualquer época do ano, de acordo com o Serviço de Mudança Climática Copernicus, da União Europeia (UE).
Por que é importante: Muitos lugares sofreram com o calor e a umidade sufocantes.
Diversos recordes diários de temperatura foram estabelecidos em junho no sul dos Estados Unidos, especialmente no Texas e na Louisiana. As temperaturas em Laredo, Texas, chegaram a 37ºC em mais de 20 dias em junho. O índice de calor, que também leva em conta a umidade, passou dos 37ºC na maior parte do tempo em todas essas cidades.
O calor extremo pode ser perigoso para o corpo de qualquer pessoa, mas os idosos e os trabalhadores ao ar livre correm um risco especial. As ondas de calor do verão na Europa no ano passado podem ter matado 61 mil pessoas em todo o continente, de acordo com um estudo recente.
O calor e a umidade deste ano foram devastadores no norte do México, onde mais de 100 pessoas morreram de causas relacionadas ao calor, de acordo com relatórios do Ministério da Saúde federal.
Contexto: Um domo de calor estacionado no norte do México, agravado pelas mudanças climáticas.
Os domos de calor são fenômenos climáticos que se formam naturalmente de tempos em tempos. Alguns meteorologistas e cientistas climáticos acreditam que o aquecimento do Ártico está causando a desaceleração da corrente de jato, o que significa que os sistemas climáticos permanecem mais tempo em um mesmo lugar. John Nielsen-Gammon, diretor do Southern Regional Climate Center, disse que ainda é muito cedo para saber se isso aconteceu especificamente com o domo de calor de junho.
Outros cientistas sugeriram que a onda de calor do mês passado foi cinco vezes mais provável e 15°C mais quente do que teria sido sem a mudança climática.
Embora as ondas de calor ocorram naturalmente, as alturas das temperaturas de junho em todo o mundo eram muito improváveis sem a mudança climática, disse Nielsen-Gammon.
O que vem por aí: Mais calor extremo na maior parte dos Estados Unidos.
Atualmente, há outra onda de calor em uma grande faixa dos EUA, e ela é mais difusa.
Mais de um quarto da população dos EUA enfrentou níveis de calor perigosos na quinta-feira, de acordo com uma análise do New York Times de dados diários sobre o clima e a população. A cidade de Phoenix, no Arizona, tem registrado temperaturas superiores a 43ºC por pelo menos 19 dias consecutivos.
O Oceano Atlântico e partes do Pacífico estão anormalmente quentes no momento devido ao padrão climático natural do El Niño no Pacífico e também devido à mudança climática causada pelo homem. Cerca de 40% do planeta está passando por uma “onda de calor marinho”, disseram cientistas da NOAA na semana passada, alertando que os recifes de coral correm o risco de branqueamento e morte.
As temperaturas da superfície do mar no Atlântico, especialmente na costa da África, ficaram “bem acima do normal” no último mês, disse Matt Rosencrans, meteorologista do Centro de Previsão Climática da NOAA.
— É uma dinâmica bastante interessante ter as bacias dos oceanos Pacífico e Atlântico tão anormalmente quentes ao mesmo tempo — avalia.
(Folha de Pernambuco)