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Escolinha, agência de jogador… conheça a vida empresarial de Marcelo fora do Fluminense

Saiba como funciona a “Doze”, empresa fundada pelo lateral-esquerdo na época de Real Madrid


Marcelo não é só o lateral-esquerdo multicampeão pelo Real Madrid e principal reforço do Fluminense nesta temporada. Fora de campo, o camisa 12 tem uma “holding” (empresas que atuam em diferentes ramos, mas têm o mesmo dono) chamada “Doze”. Nela, Marcelo divide a atenção entre agenciamento de jogadores, a escola de futebol que tem na Espanha, Brasil e Bélgica, chamada “Academy 12”, e até pouco tempo atrás participava do Azuriz, mas está de saída do clube paranaense

Marcelo na sede da "Doze", sua empresa — Foto: Divulgação

Marcelo na sede da “Doze”, sua empresa — Foto: Divulgação

Fundador da “Doze”, Marcelo não é o CEO. Esse cargo é do cunhado Caio Alves, que também agencia a carreira do lateral. Na página inicial do site da empresa, consta também Alexandre Cunha, diretor de operações, e Pedro H. Jasmim, diretor de marketing

Segundo Marcelo, a ideia da empresa é transformar a vida das pessoas através do futebol, assim como aconteceu com ele. No vídeo em que aparece na empresa, a intenção é usar o esporte como instrumento de mudança para meninos e meninas.

– Posso dizer que o que mais me move é a vontade de jogar. A paixão por estar em campo. Faço tudo isso porque amo. Depois de tantos anos jogando, posso dizer que não me canso nunca. Quero levar o futebol sempre comigo, para onde for. Dentro e fora dos campos. Seja jogando, ensinando, empreendendo e mostrando como o futebol é um objeto transformador de vidas. Ele transformou a minha.

Pedro Jasmim, Marcelo, Caio Alves e Alexandre Cunha, sócios da "Doze" — Foto: Divulgação

Pedro Jasmim, Marcelo, Caio Alves e Alexandre Cunha, sócios da “Doze” — Foto: Divulgação

“Doze Football”

Antes de se consolidar como o maior campeão da história do Real Madrid, Marcelo já teve a carreira administrada por outras pessoas. Agora, ele é quem agencia outros jogadores, além de ter a própria empresa para cuidar das negociações no mundo do futebol. Sem a pretensão de ser um grande escritório de jogadores, a “Doze” tem como estratégia ser um grupo pequeno.

Quem diz isso é o diretor de marketing, Pedro Jasmim. Além da tradicional representação do atleta, cuidam também de todos os aspectos que envolvem um jogador como gestão de carreira, gerenciamento de imagem e assessoria financeira e digital.

– Atendemos, além do Marcelo, quatro outros jogadores da base do Real Madrid. É um projeto que é relativamente novo nesse formato, começamos há um ano basicamente. (…) A maioria dos nossos jogadores tem contrato porque, como temos um dia a dia muito próximo em Madrid, conseguimos fazer essa relação de quem interessa para a gente, e nosso objetivo como empresa sempre foi de crescer de maneira “bureau”. Em vez de ter muitos jogadores, selecionamos bons e poucos e conseguimos fazer um acompanhamento muito próximo.

Raúl Andrei Pertea, Eduardo Valentín Corlat e Enzo, agenciados pela "Doze" — Foto: Reprodução

Raúl Andrei Pertea, Eduardo Valentín Corlat e Enzo, agenciados pela “Doze” — Foto: Reprodução

Além de Marcelo, a “Doze” também representa Enzo (filho mais velho do lateral), atacante de 13 anos e que recentemente chegou a mais de 100 gols pela base do Real; Jose Antonio Reyes López, atacante espanhol de 15 anos; Raúl Andrei Pertea, meia espanhol de 13 anos; e Eduardo Valentín Corlat, volante romeno de 14 anos. Do quarteto, só Eduardo não tem contrato profissional com o clube espanhol.

Um dos exemplos práticos do trabalho de comunicação digital que há por parte da “Doze” é exemplificado no principal nome entre os jogadores. Marcelo é o quarto brasileiro mais seguido nas redes sociais e o futebolista mais acompanhado no “TikTok”. Os impactos do anúncio da chegada ao Fluminense foi inclusive tema de uma postagem no perfil da empresa: segundos dados levantados pela equipe do lateral, foram mais de 8,5 milhões de interações somando todas as redes sociais.

Pedro Jasmim afirma que haverá ainda mais coisas pela frente para o torcedor acompanhar do camisa 12. A comunicação foi pensada em três etapas para que o lateral seguisse em exposição: aquecimento para a volta ao Rio, chegada e apresentação e, por fim, a reestreia que ainda vai acontecer.

– Temos algumas coisas planejadas. Estamos fazendo um leilão beneficente com a “Play for a Cause” da camisa que ele usou na apresentação e vamos ajudar a ACNUR, que é a agência de refugiados da ONU e que o Marcelo faz um trabalho há um tempo e tem um trabalho muito sério e legal. A gente traz outras frentes que trabalhamos para dentro disso e acho que é muito importante essa comunicação quase que integrada, em diferentes frentes para dentro de uma única narrativa. Temos, sim, coisas que pensamos para os próximos passos.

– Nossa estratégia de chegada tem três principais peças audiovisuais, além de outros pontos importantes, e uma que ainda não lançamos, mas é uma que fecha esse momento de chegada. Acho que, de fato, a estreia ainda está em momento de finalização dessa estratégia. O principal, de fato, eram os grandes dias da chegada e da apresentação no Maracanã. Mas a gente entende que os próximos dias e o primeiro jogo também fazem parte da estratégia de chegada.

“Academy 12”

Outro braço da “holding” é a “Academy 12”. Com o lema de que o futebol é uma ferramenta educacional para a vida, a escola de futebol tem a intenção de “desenvolver de forma abrangente todas as capacidades de crianças e adolescentes, tanto meninos como meninas, ensinando futebol para que seja uma influência positiva na formação de valores, identidade e criatividade individual de cada criança”.

Marcelo em sua escolinha da "Academy 12" — Foto: Divulgação

Marcelo em sua escolinha da “Academy 12” — Foto: Divulgação

A “Academy” 12 é dirigida por Andrés Parada, que conta com uma equipe de comunicação e três treinadores. Ela considera que tem em mãos crianças que jogam futebol, em vez do pensamento que clubes profissionais costumam dar de jogadores de futebol que são crianças. Para a escola de Marcelo, a ideia é dar valor para o respeito, esforço, solidariedade, trabalho em equipe e disciplina, mais do que focar apenas no aspecto competitivo.

Com uma metodologia própria que busca a melhora da qualidade individual, inicialmente as crianças são ensinadas a fazer os movimentos corretos. Depois, aprendem o que esses movimentos permitem a elas fazer. Por fim, colocam eles em prática, tanto no futebol de 7, no futebol de areia e no futsal.

Outra preocupação é que as crianças trabalhem o multilateralismo e não passem por uma especialização precoce. Por isso a intenção de trabalhar nos mais diferentes tipos de campos e quadras de futebol.

Há também outros projetos envolvendo a “Academy 12”. Em Madrid, Antuérpia (Bélgica) e Rio de Janeiro existe a “Campus 12”, projeto de futebol realizado durante o verão para a “School 12”, que é a escola de futebol do “Academy 12”. Ela, por sua vez, tem sede apenas em Madrid e na Antuérpia. Na capital espanhola também tem a “Clinic 12”, que é quando eles levam crianças de outros lugares do mundo para conhecer a metodologia e o projeto da Academy. Todas as iniciativas da “Academy 12” contam com bolsa social para uma parcela dos alunos.

Como projeto social, a “Academy 12” ainda tem outro programa que planeja ser lançado em breve. O “TOCA12” busca organizar um torneio entre os times formados por crianças de comunidades carentes do Rio de Janeiro. Como premiação, o time vencedor ganhará uma viagem para a sede, onde conhecerá as instalações e metodologia.

– É um projeto incentivado, com cunho social e estamos em fase de captação. Ideia é realizar um campeonato intercomunitário em que o time vencedor ganha um campus experiência em Madrid, de maneira muito parecida com nosso projeto de Clinic 12, onde nossa programação é toda feita por psicopedagogas, com foco não só no futebol. De 8h às 15h tem o treinamento com metodologia 12 e de 15h às 20h são passeios a museus e outras atividades – projeta Pedro.

Ações em clubes

Marcelo também tinha uma empreitada no ramo de clubes. Ele teve participação no fundo da “holding Azuriz J”, que detinha porcentagem do Azuriz F.C., clube no Paraná. Além dessa equipe, havia também uma participação no Mafra, clube da segunda divisão portuguesa.

Time do Azuriz comemora após vitória sobre o Cascavel no Estadual — Foto: Divulgação/Azuriz

Time do Azuriz comemora após vitória sobre o Cascavel no Estadual — Foto: Divulgação/Azuriz

Esse fundo se desfez e, desde o início deste ano, o lateral-esquerdo não tem mais participação no Azuriz. Há intenção de voltar a possuir ações em algum clube no futuro, mas ainda não existem negociações no momento.

(GE)