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Gisele Bündchen: há riscos no parto em casa? Veja os cuidados da técnica escolhida pela supermodelo

Foto: Reprodução/Redes sociais

Por Agência O Globo

O terceiro filho é fruto do relacionamento com Joaquim Valente

O parto em casa, também chamado de domiciliar, acontece na moradia da grávida com a assistência de uma equipe de saúde especializada. A técnica foi escolhida pela supermodelo Gisele Bündchen, de 44 anos, para dar à luz ao seu terceiro filho, fruto do relacionamento com o professor de jiu-jitsu Joaquim Valente.

No entanto, é um tipo de parto contraindicado pelo Ministério da Saúde e pelas principais entidades médicas do país. O Conselho Federal de Medicina (CFM) — bem como os regionais — e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) defendem o parto em ambiente hospitalar, por oferece mais segurança à mãe e ao recém-nascido. O parto domiciliar só deve ocorrer em “situações de urgência/emergência obstétrica”.

— Mesmo que a gravidez seja de baixo risco, podem ocorrer complicações na hora do parto que ninguém pode prever. Por isso, recomendamos que ele seja feito em um hospital, pois nele há mais recursos para salvar a vida da mãe e do bebê em uma situação de emergência — afirma a ginecologista e obstetra Ana Claudia Sodré.

Por outro lado, especialistas em parto humanizado afirmam que as gestantes optam pelo procedimento realizado em casa por conta da maior liberdade na escolha de pequenos detalhes que geram mais conforto na hora de dar à luz.

— Elas preferem ter o parto no ambiente delas, onde é possível ter mais privacidade. Assim, podem decidir o nível de luz do ambiente, se vai ter música, a posição em que fica mais confortável parir — conta Zuleide Aguiar, enfermeira obstétrica e conselheira do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ).

O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) autoriza a participação de enfermeiros obstétricos em partos domiciliares.

Cuidados necessários


Fazer um bom pré-natal, composto de diversos exames e pelo menos seis consultas com o obstetra, é essencial antes de tomar a decisão sobre o tipo de parto.

O domiciliar é restrito a mulheres que tenham baixo risco gestacional. Gestantes hipertensas e diabéticas, por exemplo, não podem optar por ter seu filho em casa, pois o risco de ocorrer uma complicação é alta.

Além disso, é preciso preparar o ambiente para receber o bebê. Mulheres que optam pelo parto na água, precisam ter uma banheira em casa ou organizar a casa para que caiba dentro dela uma pequena piscina.

— Não precisa ser um local muito grande. Muitos casais reorganizam a sala abrindo espaço para colocar a piscina. Em um dos encontros que fazemos com a gestante, sempre visitamos o local onde possivelmente será realizado o parto para avaliarmos — afirma Zuleide.

Outras recomendações é que o ambiente esteja limpo, que a residência seja há no máximo vinte minutos de um hospital que possa receber a mãe e o bebê caso haja uma complicação na hora do parto.

Para a médica Ana Claudia, mesmo com estes recursos, realizar um parto domiciliar é arriscado.

— Cada minuto é importantíssimo para o bebê. A mulher por até aguentar mais, porém o recém-nascido não. Quando o parto domiciliar ocorre sem complicações é lindo. Mas se houver alguma complicação, é muito arriscado. Não vale a pena colocar em risco a vida de um bebê nem da mãe — avalia a obstetra.

Zuleide Aguiar garante que os enfermeiros obstétricos são capazes de identificar situações nas quais é preciso remover gestantes e seus filhos para o hospital.

— No parto, sempre há dois enfermeiros: um para acompanhar a mãe e outro para o bebê. Quando minha equipe participa de partos, sempre levamos um monitor de batimento fetal, equipamento para aferir a pressão arterial da gestante e ficamos atentos a sinais físicos que demonstrem que está ocorrendo uma complicação — detalha a enfermeira, que coordena o projeto Partejar, uma equipe de parto planejado.

Plano de parto
De acordo com Zuleide, a partir da 28ª semana de gestação, início do terceiro trimestre, é possível começar a planejar o parto, inclusive decidindo se ele será domiciliar ou hospitalar.

No plano de parto, mesmo daqueles cujo nascimento será domiciliar, é preciso registrar o hospital que receberá a gestante caso ocorra alguma complicação. Em partos domiciliares, por exemplo, não é permitido a aplicação de anestesia. Nestes casos, a dor é controlada por massagens e pela tranquilização da gestante.