Há 10 anos, Atlético-MG vendia Bernard por recorde; clube luta contra cobrança de R$ 23 milhões

0
220

Galo recorre na Justiça de ação movida por “olheiro” que alega ter direito a 30% da venda

Há exatos 10 anos, o Atlético-MG realizava a sua maior transação no mercado do futebol. O clube fechava a venda do meia-atacante Bernard ao Shakhtar Donetsk por 25 milhões de euros, à vista. Na época, a conversão dava R$ 76.702.500,00 na época (hoje seriam 134 milhões). Cifras recordes, graças à idade do jogador (então com 20 anos), e o título da Libertadores, ainda fresco.

Vitória do Atlético-MG tem discurso emocionado de Hulk e apoio a Felipão: “Ele não merece

Uma década depois, a grana de Bernard foi realizada para pagar adiantamentos de parcelas do Profut, após a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional conseguir bloquear os recebimentos do Galo, devido a dívida fiscal com a União. Entretanto, atualmente, há outra disputa envolvendo aquela transferência histórica.

Em setembro de 2022, a 9ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte proferiu sentença favorável a Carlos Roberto da Silva, conhecido como Índio, ordenando o Galo a pagar 30% do que auferiu com Bernard – R$ 23 milhões – para o professor de futebol em escolinhas, que alegou ter feito contrato verbal em 2006 com o Atlético, e seria um dos responsáveis por levar o meia-atacante até Vespasiano.

A ação percorreu em primeira instância em 2018. Há três anos, o ge trouxe a sua existência, bem como detalhando toda a operação Atlético-MG/Shakhtar Donetsk, e a venda de Bernard. Dos R$ 76 milhões, o Galo precisou repassar percentuais para empresários envolvidos na negociação. O saldo remanescente para os cofres alvinegros: € 15,6 milhões (R$ 48 milhões da época).

Bernard foi revelado na base do Atlético — Foto: EFE

Bernard foi revelado na base do Atlético — Foto: EFE

Cobrança judicial

Carlos Roberto da Silva alegou ter direito a 30% da venda de Bernard na ação judicial movida no TJMG. Ao longo de quase cinco anos, a Justiça ouviu testemunhas do caso – entre elas, o ex-presidente Ziza Valadares. O Atlético rebateu, afirmando que Índio não era agente ou intermediários de jogadores cadastrado na CBF, que não havia valor jurídico em qualquer “combinado verbal”, mas perdeu em primeira instância. Em 13 de setembro, veio a decisão:

Sentença - professor de escolinha cobra milhões do Atlético — Foto: Reprodução

Sentença – professor de escolinha cobra milhões do Atlético — Foto: Reprodução

O Atlético recorreu, primeiro por meio de “embargos de declaração”, nos quais há novos protestos contra a sentença que acolheu os pedidos de Índio, e também alegando que, na “remota hipótese” de condenção, os 30% deveriam recair sobre o valor líquido auferido pelo Atlético, que é bem inferior aos 25 milhões de euros que o Shakhtar pagou por 100% de Bernard.

Em 16 de novembro de 2022, a juíza de direito negou os embargos do Atlético, mantendo a sentença anterior. Em 23 de janeiro de 2023, o Galo voltou a se manifestar, num documento de 40 páginas, apontando equívocos da cobrança de Índio.

“À vista do exposto, pede o Clube Apelante a esse E. TJMG que seja dado provimento a este Recurso de Apelação, para, cassar ou, sucessivamente, reformar a r. Sentença, julgando-se totalmente improcedentes os pedidos iniciais, na forma destas razões recursais”.

Bernard em ação pelo Panathinaikos, da Grécia — Foto: Reprodução

Bernard em ação pelo Panathinaikos, da Grécia — Foto: Reprodução

O último movimento, em primeira instância, foi em 30 de março. A juíza enviou o processo para a instância superior – Tribunal de Justiça. Agora, serão os desembargadores a analisar o caso. E há julgamento previsto para daqui 48 horas, em 10 de agosto.

Alheio a tudo isso, Bernard saiu do Shakhtar Donetsk para o Everton, depois ao Al Sharjah dos Emirados Árabes (cobra valores não recebidos, na Fifa), e se encontra, atualmente, no Panathinaikos, da Grécia, com mais 12 meses de contrato, e a esperança de um dia retornar ao Galo.

(GE)