O futebol provoca as mais diversas reações: paixão, alegria, euforia, às vezes até tristeza e decepção. Já Marcelo Adnet provoca uma única reação no público, levando todo mundo às gargalhadas toda vez que aparece na TV durante esta Copa do Mundo. Tocando o quadro “Que Doha é essa?”, no “Central da Copa”, da Globo, o humorista tem propiciado momentos hilários aos telespectadores. A imitação de Galvão Bueno, por exemplo, é uma das favoritas da galera. Vira e mexe, torna-se um dos assuntos mais comentados no Twitter e tem até quem diga que confunde um com o outro se não estiver olhando para a tela.
— Foram trinta anos de estudo assistindo a ele. É uma pessoa que a gente conhece há muito tempo, narrando sempre decisões do futebol, da Fórmula 1. Todo mundo conhece a referência. Acho que isso ajuda bastante. Tem coisas que não precisam ser estudadas formalmente. É só deixar a informação entrar por osmose, naturalmente — explica.
A precisão em suas imitações é onipresente. Adnet mata no peito e bate um bolão ao vestir a camisa de qualquer outra pessoa, seja Cléber Machado ou o carnavalesco Milton Cunha. Quem é imitado, segundo ele, curte o resultado.
— Acho que, da primeira vez, Galvão ficou um pouco perplexo, surpreso, aquela coisa de se ver sendo imitado. Mas, depois, a gente se conheceu e se adorou. Nos damos superbem e temos uma relação de muito respeito. Sempre que a gente se encontra, o Galvão faz questão de brincar também e de entrar na brincadeira — conta o comediante, compartilhando a reação de outras figuras homenageadas por ele: — Milton Cunha me mandou mensagem celebrando. Ele é o máximo, uma personalidade única. Adoro o estilo do Cléber Machado e ele está se firmando como analista-filósofo.
Botafoguense fervoroso, o humorista diz que a relação que mantém com seu time do coração não é igual àquela que tem com a seleção.
— São paixões diferentes. O clube é nossa identidade, a seleção nossa comunhão — compara ele, que tem como ídolos Pelé e Garrincha.
Além da competição esportiva e das rivalidades históricas dentro de campo, esta edição do Mundial vem gerando discussões que extrapolam os gramados e entram no universo político e social. Adnet opina:
— Acho que os jogadores pouco têm a ver com a questão geopolítica de seus países. Eu presto atenção, mas não projeto no jogo as tensões políticas. Veja EUA e Irã, por exemplo, um jogo respeitoso e leal. É engraçado, torço contra a Argentina, mas gosto do Messi e acho que eles fazem falta na Copa. Então, torço contra, mas prefiro que eles caiam lá na frente — assume ele.
Sobre a polêmica contusão de Neymar, que também gerou torcida contra e a favor do jogador, Adnet pondera:
— Como cidadão e profissional, acho que cabem críticas a ele, como cabe para qualquer um. O que não cabe, na minha visão, é torcer pelo mal da pessoa. Torço para ele se recuperar e brilhar.
Pai de Alice, que faz 2 anos na terça-feira, Adnet conta que arranja tempo para ficar com a filha mesmo batendo ponto na TV todo dia e com uma mente que parece nunca parar de funcionar.
— Fico todo o tempo que posso com ela. Calculo os minutos para vê-la de novo quando estou fora de casa. A rotina é assistir aos jogos e, de noite, gravar, sempre em cima do lance — conta ele, que diz dormir em média sete horas por dia: — Já tive ideias sonhando e chegava a acordar para escrever. Hoje, valorizo o sono, a qualidade de vida. Dormir é um dos maiores prazeres adultos.
E depois da Copa, vem descanso por aí?
— O que são férias (risos)? Depois do fim da Copa, estarei envolvido com o lançamento do meu filme “Nas ondas da fé” — avisa.