Cantora vive, possivelmente, o pior momento de sua carreira nesta turnê pelo país; sexta já tem show em São Paulo
A cantora Taylor Swift está no Brasil para uma série de shows
MICHAEL TRAN/AFP – 07.08.2023
Não estranhe se Taylor Swift não fizer nunca mais um show no Brasil. Até agora, deu tudo errado na turnê da cantora no país, e as apresentações no Rio de Janeiro já estão marcadas para sempre como um dos piores momentos de sua carreira. Inclusive pela maneira como a artista vem lidando com os acontecimentos.
A vinda da cantora americana ao Brasil era um dos eventos mais aguardados do ano por seus fãs, mas tudo tem saído do controle de modo assustador. A morte da fã Ana Benevides, na sexta-feira (17), que desmaiou durante o primeiro show da turnê no Rio e foi a óbito pouco depois, chocou todo mundo. O que aconteceu com Ana faz parte de uma sequência de acontecimentos que fogem e muito do normal.
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A ansiedade dos fãs de Taylor, por exemplo, chama a atenção. O comportamento exagerado de alguns de seus admiradores mostra que há uma relação bem problemática. O pedido para que houvesse uma homenagem à cantora no Cristo Redentor foi o primeiro passo. Precisava disso? Duvido que Taylor ficaria chateada se não tivessem feito uma menção a seu respeito no monumento mais famoso do Brasil.
Fãs acampando há meses na porta do estádio, outros usando fralda geriátrica para não precisar ir ao banheiro e coisas do tipo dão certo medo. Mas isso não foi tudo.
A produção do show, não se sabe se a pedido de Taylor e sua equipe, não credenciou praticamente ninguém da imprensa. Não havia repórteres dentro do estádio, o que pode muito bem ter contribuído para todos os problemas na primeira apresentação. Além da morte de Ana, cerca de mil pessoas desmaiaram por causa do forte calor e da falta de água. Mil pessoas! O resultado da proibição a jornalistas é que não havia ninguém para mostrar o que estava acontecendo dentro do estádio. Talvez parte da tragédia pudesse ter sido evitada caso a imprensa estivesse lá dentro denunciando em tempo real a extrema lotação, passagens de ar fechadas com tapume, ausência de bebedouros públicos e de água num dia extremamente quente etc.
Também faltou sensibilidade à produção do show, que impediu que as pessoas levassem garrafas de água para dentro do estádio num dia de calor recorde. É praxe em vários shows, por questões de segurança, não entrar com garrafas ou copos de água, ainda que de plástico. Aliás, é uma proibição que deveria ser revista daqui para a frente. Água é item básico.
O calor excessivo deveria ter acendido um sinal de alerta para a produção. A própria Taylor Swift parou o show e pediu que fosse distribuída água para as pessoas que estavam próximas da grade. A cantora viu que havia gente passando mal. Pena que os organizadores não observaram isso mais rapidamente a fim de impedir a morte de Ana.
Fãs de Taylor Swift, no sábado (18), em frente ao Engenhão, antes do adiamento do show
TERCIO TEIXEIRA/AFP – 18.11.2023
Aliás, a cantora americana está devendo uma manifestação mais forte sobre a morte de sua fã. A família, por exemplo, está com dificuldades de levar o corpo para sua cidade natal. Uma ajuda financeira seria muito bem-vinda. No show deste domingo (19), a cantora não mencionou a tragédia de sexta.
Taylor é conhecida por encarar a indústria do entretenimento, por brigar com empresários, por colocar o dedo na ferida. Por que não está fazendo isso neste caso específico? Deveria estar brigando com a produtora T4F por uma ajuda mais efetiva à família de Ana. É o mínimo.
Infelizmente, há ainda outra morte ligada aos shows de Taylor no Brasil. Gabriel Mongenot Santana Milhomem Santos, de 25 anos, foi morto a facadas neste domingo (19) durante um assalto no Rio de Janeiro. Ele morava em Belo Horizonte e estava na cidade para ver um dos shows da cantora.
Mais uma atitude completamente sem noção foi o adiamento, em cima da hora, do show de sábado (18). Claro que após a morte de Ana a segunda apresentação deveria mesmo ter sido postergada. Qual o clima para ver show, né? Só que isso foi feito em cima da hora, à tarde, quando o estádio já estava lotado. Complicou muito a vida de todo mundo que já havia se mobilizado para estar no local.
O resultado de tudo isso é que a carreira perfeita de Taylor foi totalmente sugada pela tragédia. Possivelmente é o pior momento de sua trajetória. Claro que tudo o que aconteceu não é culpa dela nem, menos ainda, de seus fãs, mas tanto a produtora quanto a cantora têm de mostrar responsabilidade diante dos acontecimentos. Não dá para passar pano.
(R7 Entretenimento)