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pecialistas explicam por que tantas pessoas estão sendo diagnosticadas nos últimos anos

Para muitos, parece que, diferente de algumas décadas atrás, diagnósticos do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) estão bem comuns, o que pode levar a algumas perguntas: quais seriam as possíveis causas? Está ocorrendo mesmo o aumento de casos?

Ao desconsiderar casos em que o TDAH acaba sendo associado com outras características que eventualmente correspondem a outra condição, ou mesmo que toda pessoa pode apresentar, como a inquietação, há algumas causas que estão sendo relacionadas a um possível aumento de casos.

A tecnologia é uma delas — ou melhor, o uso excessivo dela. Ao mesmo tempo em que pode otimizar o trabalho e tornar o dia a dia mais prático, o acúmulo de informação, de notificações e de distrações pode estar sobrecarregando a mente e contribuindo com a formação desse quadro.

Por outro lado, em debates que abordam essas possibilidades, há quem aponte que a popularização do transtorno contribui para uma certa tendência no diagnóstico. O diagnóstico rápido, somado ao aumento de prescrições de medicamentos, preocupa especialistas. E é justamente por gerar tantas dificuldades e impactos no dia a dia que ele merece ser levado a sério.

(Fonte: Getty Images/Reprodução)(Fonte: Getty Images/Reprodução)

TDAH e suas variáveis

Apesar de se tratar de um transtorno herdado geneticamente e pode se desenvolver durante a infância, o TDAH também pode se apresentar mais adiante, na vida adulta. Mas devido à percepção equivocada que apenas os sintomas mais exagerados são reais indicativos do transtorno, é preciso lembrar que nem todos recorrem ao auxílio de um profissional especializado.

Ainda é difícil estimar até que ponto isso está ocorrendo, tanto ao considerar os perigos da tecnologia e seus efeitos, quanto ao ponderar sobre a ausência do próprio diagnóstico. Um meta-estudo, publicado no Journal of Global Health, forneceu dados sobre a proporção de adultos que apresentam o TDAH, tanto o que se manifesta desde a infância, quanto o que surgiu independente disso.

Enquanto TDAH persistente desde a infância está presente em 2,58% dos adultos, a proporção de indivíduos com TDAH sintomático é ainda maior, de 6,76%. Na prática, esse último valor equivale a 366,33 milhões de adultos com o transtorno em todo o mundo — maior do que a população do próprio Brasil (203,06 milhões de habitantes, segundo o Censo 2022), vale destacar.

(Fonte: Getty Images/Reprodução)

Um cenário desafiador

Segundo outro estudo publicado na Epic Research, o aumento nos diagnósticos foi percebido em todas as faixas etárias nos últimos anos. Globalmente, a proporção teria aumentado de 0,34% (2020) para 0,64% (2022) entre pessoas com 30 a 49 anos. Além disso, entre o público feminino (entre 23 e 29 anos e de 30 a 49 anos), a prevalência dos casos teria duplicado entre 2020 e 2022.

Segundo os pesquisadores envolvidos nesse trabalho, essa percepção seria um forte indicativo que “as mulheres tendem a ser diagnosticadas com TDAH mais tarde na vida do que os homens”. Em suma, trata-se de uma nova faceta inserida em um cenário que já é bastante delicado e desafiador, que merece reflexão.

Vale lembrar que o tratamento se mostra importante sob dois aspectos, já que além de promover melhoria substancial na qualidade de vida, também representa uma menor probabilidade de apresentar outras doenças que tendem a se desenvolver dentre as pessoas que possuem TDAH, como a demência.

(Mega Curioso)