De Billie Eilish a Taylor Swift e Emicida, vários artistas já tiveram seus shows produzidos e disponibilizados pelas plataformas
Depois de conquistar a indústria de cinema e televisão, os streamings de vídeo estão investindo cada vez mais em conteúdos musicais. A Disney, por exemplo, levou os fãs de Billie Eilish à loucura na semana passada ao lançar o Happier Than Ever: Uma Carta de Amor Para Los Angeles, no qual a artista apresenta seu show intimista com as canções do último álbum, recursos especiais e animação.
Em 2020, a Disney já havia testado o formato ao lançar o filme-concerto de Taylor Swift para divulgar Folklore; assim como a Netflix fez em 2017, ao apostar na era Reputation da titã do pop.
Artistas nacionais também lançaram conteúdos originais para os serviços recentemente. Entre eles, Emicida, que estreou o documentário e o show de Amarelo, no Teatro Municipal, pela Netflix, e Luan Santana, primeiro artista a ter um conteúdo de música exclusivo Globoplay.
O que está por trás dessa estratégia? Segundo Dani Ribas, socióloga, especialista em comportamento de público e professora de music busines, as plataformas estão dispostas a diversificar ainda mais sua programação para evitar que o público mude o canal ou precise trocar de aplicativo. É o que pesquisadores da indústria cultural chamam de “economia da atenção”. “Todas essas plataformas [Youtube, Netflix, Spotify] estão disputando a mesma coisa”, explica.
A chance de obter êxito na missão de prender o telespectador com uma superprodução musical é grande, uma vez que o consumo de vídeo e áudio por streaming tem crescido exponencialmente no mundo.
Para se ter uma ideia do potencial desse mercado, mesmo perdendo a hegemonia como plataforma de música, o Spotify cresceu 20% só nos meses de abril, maio e junho deste ano. Em 2020, a Netflix ganhou 37 milhões de assinantes — totalizando 203,66 milhões em números totais. Foi o maior aumento anual da história da empresa. Já o Youtube ampliou o tempo de uso dos usuários na plataforma em 91%. Os dados foram divulgados pelas próprias empresas.
Para completar a estratégia, os streamings optam por trabalhar projetos de artistas que já tem uma rede consolidada de fãs. “Não são os artistas que escolhem as plataformas de acordo com elementos artísticos ou de acordo com as estratégias de negócios do artista. São as plataformas que, ao disputarem nossa atenção, acabam desenvolvendo ações promocionais para se posicionarem no mercado – e para isso usam os artistas como “conteúdo”. Artistas são cada vez mais reféns das Big Techs, embora haja uma aparente liberdade de escolha diante de tantas possibilidades de promoção do trabalho artístico”, analisa Dani Ribas.
(Fonte: Metrópoles)