Ouça Ao Vivo

Tibério na versão original de ‘Pantanal’, Sérgio Reis finalmente terá uma participação na nova trama

Vídeo com os bastidores das gravações do último capítulo mostra sertanejo cantando ‘Chalana’ com Almir Sater e Guito. O autor Bruno Luperi diz que cantor foi fundamental para a trama existir, ao convidar seu avô, Benedito Ruy Barbosa, para conhecer o Pantanal


O cantor sertanejo Sérgio Reis — Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo / Arquivo

O cantor sertanejo Sérgio Reis — Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo / Arquivo

Intérprete de Tibério na primeira versão de “Pantanal”, o cantor e compositor sertanejo Sérgio Reis finalmente fará uma participação no último capítulo da novela, que vai ao ar no dia 7 de outubro. Na trama original, Sérgio formou uma dupla de cantadores com Almir Sater, que vivia o violeiro Trindade (hoje interpretado por seu filho, Gabriel Sater).

Numa cena vazada das gravações do último capítulo, Sérgio toca e canta “Chalana”, clássico de 1943 de Mario Zan e Arlindo Pinto, sucesso na primeira versão da novela. Na cena, o sertanejo é acompanhado por Sater, Guito (interpretado o personagem Tibério) e um acompanhamento musical que conta até com uma harpa paraguaia.

Em entrevista ao GLOBO, o autor da nova trama, Bruno Luperi, contou que a homenagem ao sertanejo se deve a sua importância para inspirar o avô, o novelista Benedito Ruy Barbosa, a escrever o folhetim original.

— “Pantanal” existe porque o Sérgio Reis insistiu para o meu avô ir para o Pantanal entre uma novela e outra que estava escrevendo. Ele disse: “Benê, vem descansar aqui comigo. Vem conhecer esse lugar. Você vai gostar, a gente vai pescar, tomar cachaça, vamos conversar, bater papo, contar a história fiada”. Quando o meu avô chegou ali, ele ficou encantado pelo lugar — conta Luperi. — Na primeira noite, ele estava com calor e foi dormir fora do quarto, quando viu aquela mancha da Via Láctea no céu. Dormiu na beira do rio, acordou com os pássaros e, ao encontrar o Sérgio de manhã, disse: “Vou escrever uma novela que vai parar o Brasil.”

Na novela da extinta TV Manchete o sucesso dos dois foi tão grande que eles reeditaram a parceria em outra novela de Benedito Ruy Barbosa, de volta à TV Globo: em 1996, os cantores interpretaram a dupla Pirilampo e Saracura na novela “O Rei do Gado”.

Contudo, enquanto Sater ganhou um papel desde o início da segunda fase da novela como o chalaneiro Eugênio, Sérgio ainda não havia sido escalado para nenhuma participação na nova trama. Credita-se a decisão à polêmica que o sertanejo se envolveu no ano passado, quando foi vazado um vídeo seu de um grupo de WhatsApp, no qual dizia que se o STF não aprovasse o voto impresso em 72 horas, os caminhoneiros iriam “parar o país” e “tirar todos os ministros” da corte.

Operação da PF e disco suspenso

Após o vazamento do áudio, a Polícia Federal fez uma operação na casa de Sérgio, em em Mairiporã (SP), na Serra da Cantareira, por ordem do STF, investigando manifestações contra as instituições e a democracia. Na época, vários artistas retiraram suas participações de um disco que o sertanejo preparava, dedicado à MPB. Após gravarem suas faixas, Guarabyra, Maria Rita, Guilherme Arantes e Zé Ramalho retiraram a autorização para que as faixas fossem usadas no disco, que acabou sendo suspenso.

Em entrevista a Roberto Cabrini, para o “Domingo espetacular” da Record TV, em agosto de 2021, o cantor também reclamou de ter shows e contratos publicitários cancelados em função da repercussão. Na mesma entrevista, Sérgio pediu desculpas ao STF e aos ministros Ricardo Lewandowski, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. No fim do ano passado, o cantor iniciou um tratamento contra um câncer de próstata, diagnosticado nos meses seguintes à ação da PF, caso agravado por seu histórico de diabete, hipertensão e cardiopatia.

Luperi ressalta que, para além dos últimos fatos, o valor artístico de Sérgio Reis é inegável:

— Não entro nesse mérito (do cancelamento do cantor), porque o que eu admiro do Sérgio é o seu trabalho musical. É um cara que lutou pela cultura caipira, que enalteceu o trabalho, as músicas e os rincões do Brasil.

(Fonte: O globo)