Torcedora atingida na cabeça por pedra no entorno do Arruda processa Santa Cruz

0
719

Em processo por danos morais e materiais, Beatriz dos Santos Ribeiro alega que pedra desprendeu-se do estádio e que sofreu sequelas; presidente tricolor diz que jurídico vai se pronunciar em breve


Beatriz dos Santos Ribeiro, tricolor atingida por uma pedra quando saía do Arruda após Santa Cruz x Pacajus, pela Série D, acionou o clube judicialmente na última segunda-feira, dia 6 de novembro. Nos autos do processo, que corre na Justiça Comum, ela cobra R$ 30 mil por danos morais e materiais – alegando que a pedra desprendeu-se do estádio. O departamento jurídico do clube deve se pronunciar em breve sobre o assunto, de acordo com o presidente Jairo Rocha.

Como justificativa pela cobrança, a defesa alega que o clube “dispõe de significativo patrimônio, auferindo renda invejável através da negociação de atletas profissionais no mercado nacional e internacional (…) Dentre outras inúmeras formas de renda, de conhecimento público e notório”.

Torcedora do Santa Cruz recebe atendimento após ser atingida por pedra — Foto: Lilian Fonseca

Relembre

O caso ocorreu em 8 de junho, quando Beatriz caminhava fora do estádio em direção à Avenida Professor José dos Anjos – popularmente conhecida como Avenida do Canal -, local que dá entrada para as arquibancadas do portão 10. Era lá que a tricolor assistia ao jogo com o namorado e foi atingida por uma pedra na cabeça.

À época, socorrida por uma ambulância do SAMU dentro do Arruda, disse não ter conseguido identificar com precisão de onde partiu o arremesso, mas acreditava que o objeto poderia ter sido jogado do estádio para fora.

Torcedora do Santa Cruz recebe atendimento médico após ser atingida por pedra na cabeça — Foto: Lilian Fonseca

Torcedora do Santa Cruz recebe atendimento médico após ser atingida por pedra na cabeça — Foto: Lilian Fonseca

Dias depois, Beatriz Ribeiro registrou Boletim na Polícia Civil apontando ser vítima de crime tipificado no artigo 129 do Código Penal Brasileiro, que versa sobre “ofensa à integridade corporal ou à saúde de outrem”.

A torcedora do Santa Cruz — atualmente desempregada, motivo pelo qual pediu gratuidade na Justiça — também passou pela perícia de um médico legista, que constatou lesão corporal. Ela tomou cinco pontos na região da cabeça.

O que diz a Polícia, os peritos e médico legista

Melhores momentos de Santa Cruz x Pacajus, no Arruda, pela Série D

Dentro do documento, ainda, a defesa de Beatriz destaca a falta de assistência à torcedora na condução do processo, e acrescenta que o Santa Cruz apenas questionou se ela havia concedido entrevistas para a mídia.

“Em razão das gravíssimas sequelas provocadas pela queda do objeto, a autora precisou ficar dias sem trabalhar e sentindo fortes dores de cabeça, necessitando retornar ao médico por algumas vezes. Durante todo o episódio, os réus não prestaram qualquer tipo de assistência à torcedora, apenas questionando se a mesma havia dado entrevistas para mídia”, diz.

— Indiscutivelmente houve falha na segurança do estádio durante o evento esportivo, permitindo que uma torcedora fosse atingida na cabeça por um pedaço da estrutura que despencou, local que deveria ser absolutamente seguro e protegido, para que acidentes dessa natureza jamais ocorressem.

A entrada do portão 10 do Arruda, local onde Beatriz descreveu que teria ocorrido o incidente, também passou por avaliação de peritos criminais, com os laudos descrevendo “ferragens expostas, oxidadas, e fissuras” na estrutura, além da “necessidade de recuperação estrutural”.

Laudo da perícia criminal sobre torcedora atingida por pedra no entorno do Arruda — Foto: Arquivo Pessoal

Laudo da perícia criminal sobre torcedora atingida por pedra no entorno do Arruda — Foto: Arquivo Pessoalhttps://94b842441823f2949be95afe791b06f9.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-40/html/container.html

Laudo de perícia criminal realizada no Arruda — Foto: Arquivo Pessoal

Laudo de perícia criminal realizada no Arruda — Foto: Arquivo Pessoal

Entretanto, os peritos lançaram contraponto: não foram encontrados vestígios no local e nem nas imediações de elementos materiais para informar se a lesão na cabeça sofrida pela torcedora do Santa Cruz foi produzida por “segmento de concreto que se desprendeu, ou por uma pedra ou por objeto contundente, arremessado por alguma pessoa”.

Para a defesa de Beatriz, há outra versão sobre a falta de provas: ela acusa o clube de retirar “toda e qualquer prova do local, como parte da estrutura caída e rastros de sangue”.

(GE)